Noite de Libertadores, e isso já descreve todo o clima e a tensão ao redor do Palestra. Foi meu segundo jogo contra o Peñarol, embora o primeiro (Libertadores de 2000, com decisão nos pênaltis) não esteja neste blog porque eu perdi o ingresso. Hoje vivendo de história, o adversário havia sido goleado na primeira rodada, e chegava apenas com o peso da camisa. Odeio os termos "catimba", esperteza, cera, e tudo mais, mas eles descrevem exatamente o que é jogar contra times de outros países do continente, e aqui não foi diferente. Tudo com a complacência do juiz, um completo imbecil que veio mal-intencionado e quase conseguiu cumprir seu objetivo.
Repetindo a formação com William aberto ao lado de Guerra e Dudu, o Palmeiras começou a partida devagar. Aos poucos aumentou seu volume de jogo, fazendo com que o gol parecesse ser questão de tempo. Foi em um lance de bola parada, porém, que os uruguaios abriram o placar: após escanteio, falha de nossa marcação e gol de cabeça. A partida tornou-se insuportável a partir daí, pela cera dos visitantes (reitero, com a complacência do juiz) e pelo nervosismo dos nossos jogadores. Ficamos na verdade mais próximos de levar o segundo que de empatar, mas o placar permaneceu até o intervalo.
Sem mudanças, o Palmeiras ativou o rolo compressor e jogou como nunca no início do segundo tempo. Logo no primeiro minuto de jogo Fabiano recebeu e cruzou de perna trocada; Borja não conseguiu finalizar e a bola sobrou para William, que marcou o gol de empate. O clima mudou completamente, e logo depois a virada: Borja buscou Guerra que, contando com a falha do zagueiro, dominou e partiu pra área, tocando para Dudu que finalizou com tranquilidade. Mantendo o ritmo, o Palmeiras ainda teve um pênalti marcado a seu favor antes dos dez minutos. Borja isolou a bola no lance que seria a pá de cal.
Mal sabíamos. Após o Palmeiras desacelerar e não manter a postura dos minutos iniciais o jogo ficou mais equilibrado. A melhor chance foi nossa, em bola de Tche Tche tirada pelo zagueiro em cima da linha (e ainda batendo no travessão), mas logo em seguida, novamente em um lance de bola parada, levamos o empate. Cobrança de falta na área, nova falha de nossa defesa, cabeçada a queima-roupa que Prass defendeu de forma espetacular, mas no rebote não teve jeito. Dois a dois. E aí nervos foram embora, principalmente por causa da catimba não coibida pelo juiz - na verdade ele mesmo fez cera, podem ver no vídeo.
Sem se abater, o Palmeiras foi pra cima. Linda enfiada de bola de Guerra para William, que invadiu a área, driblou o goleiro e bateu alto para o gol vazio... e a bola explodiu no travessão. Um pecado, talvez a melhor chance até ali. Outros lances de menos perigo seguiam-se enquanto o relógio corria, e a cera cada vez mais insuportável. Já nos acréscimos, confusão generalizada - que parou o jogo por cinco minutos - envolvendo expulsão do técnico adversário, bloqueio de cobrança rápida de uma falta na lateral e a BIZARRA expulsão do Dudu. Com um a menos, o Verde foi pra pressão final. Fabiano tentou de cabeça, mas o goleiro jogou pra escanteio. Cobrança de Bastos, e novamente Fabiano subiu pra testar, e desta vez com endereço. A bola bateu na trave e entrou, selando a vitória alviverde.
Como comentado no último jogo, a evolução foi mais uma vez nítida apesar dos apagões na defesa. Era pra ter sido pelo menos 5 a 2. Guerra foi o melhor do time, substituído apenas por cansaço. Perdemos Dudu para o jogo de volta (ou seja, objetivo do juiz foi "meio" cumprido), mas cabe a Eduardo substituí-lo a altura. Temos as peças, temos a garra e a vontade. Palmeiras, ao menos neste começo, com pinta e sorte de campeão. Não dá pra negar!